Ando por aí - nas aventuras dessa vida
Colecionando, regando e cultivando
Por dentro e por fora - os meus vazios
Percebo que minha coleção só aumenta
Eles crescem rapidamente a cada dia
E o seu cultivo toma a maior parte do meu tempo
Assim como a maioria das pessoas
Nesse ponto extremo de agudos e escuros
Estou sendo bem educado para ser o que o absurdo
Da realidade - até então - tinha me preservado
Um morto vivo caminhando errante - sem alma
Numa ilusão animalesca e grotesca
Que parece tão real e palpável
Que meus pesadelos mais terríveis
São hoje minha realidade mais vital
Criei necessidades que não existiam
E dei asas à imaginação bizarra
Que sempre viveu dentro de mim e nunca me abandonou - jamais
Não sei mais o que são sonhos - pois não os tenho
O que é amor - pois não o sinto
O que é paixão - pois o desejo
Ou é morto e estagnado dentro de mim
Ou é exagerado e carente - sem fim
Estou sempre mirando momentos passageiros
Buscando momentos de prazer alheio
Algo que me faça esquecer a dor da rejeição
E do sentimento de fracasso e incapacidade
Diante da vida de transformações que nunca para
De sempre perder e desistir a cada novo desafio
De ser a mesma pessoa frágil, infantil e delicada
Que não muda, não melhora e não amadurece
Algo pode até mudar exteriormente - mas no meu interior
Continuo a ser o mesmo poço de fracasso
Minhas derrotas estão bem enterradas
Nas terras desse coração que hoje é fétido
Cheio de amarguras, ressentimentos e muita carência
Costumes solitários ou acompanhados de solidão
Me destroem e me corroem pouco a pouco
Não sei mais se sou humano ou animal
Pois o que de mais errado que sempre esteve em mim
Hoje é visto ao contrário - sem nenhum porfim
Porque nada importa aos olhos de quem a vida
Escolheu para sofrer calado e ser um pobre parasita...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O que isso acrescentou em sua vida?