terça-feira, 1 de dezembro de 2020

O amor em pessoinha

Gosto muito do silêncio profundo das madrugadas
Onde os tiques do relógio parecem mais intensos – mais cheios de vigor
Como que para relembrar com mais clareza que o tempo passa
Que essa vida é efêmera e que o silêncio é muito necessário
Para nos ensinar a escutar o som que parece que só é produzido
Quando a agitação do mundo esfria - e a escuridão da noite
Acabrunha a visão do dia que reluzia com os brilhos do sol
Quase que sem perceber, uma luz do céu me atingiu - e me dei conta de que não sou mais só
De que o silêncio de dois corações que se uniram - após o ruído de dois "sims" num altar
Gerou uma família num milagre chamado sacramento do matrimônio
E do ruído silencioso e ensurdecedor de um amor aberto à vida que gera muitos frutos
Você foi concebido – nas entranhas enamoradas da sua mãe terrena
Que receberam fisicamente o impacto de uma alma – em sua concepção
E consagrado e separado – com uma vocação ímpar, por sua mãe do céu
Sua história carrega o barulho fulgurante da luz que vem de Deus
O milagre da vida que é gerada em meio aos espinhos que surgem
No caminho especial e inebriante de uma gestação saudável
Tantos dias e tantas noites – tantos momentos e tantas horas
Entraram para as lembranças mais doces – de uma estrada de nove meses
Ou 41 semanas – para ser mais específico
Que preparam sua vinda a esse mundo que passa com o tique dos relógios
Você chegou e trouxe consigo a experiência mais forte – a ansiedade mais intensa
O desejo mais ardente – uma comoção permanente
O amor em pessoinha – a visão prefigurada da glória e do esplendor
Na simplicidade do seu nascimento pude contemplar – e sentir e apreciar
Uma forma tão singela de ver o mundo – que trouxe sentido e explicação
Que trouxe mais fé e mais razão – que trouxe ao mundo uma explosão
No silêncio de um entardecer – onde um coraçãozinho bateu veloz
Na velocidade que uma emoção sem precedentes – relampejou e choveu
Na velocidade do olhar que te contemplou - sem palavras
No barulho das lágrimas que escorreram – sem parar
Na luz do quarto que ficou opaca – porque você apareceu
E o mundo nunca mais foi mais igual – pois você veio completar
O espaço que já era seu – desde a eternidade
Nessa família que ansiava por seus choros
Nessa casa que aguardava há tanto tempo as suas risadas
Nesse chão que te esperava - a sua presença que transformou tudo
Que encheu com o combustível da felicidade – duas almas
Que ficaram honradas por poder partilhar das coisas dessa vida ao seu lado
E ao mesmo tempo perplexas – pois num piscar de olhos
Você – que com o fulgor de um olhar azulado
Pintou a nossa existência de um ouro bramido de alegria
E encheu de cores as fotos dos nossos scrapbooks - e albums
E se tornou um mocinho muito rápido
Um rapazinho com personalidade - de um caráter forte e viril
O amorzinho da mamãe e o grudinho do papai
Há um ano você apareceu naquela sala chamada Haven
Vindo de um local de príncipes e realeza – Royal Victoria Hospital
E mexeu as mãozinhas que estavam apertadas e os dedinhos que agora podiam se esticar
E abriu os olhinhos que agora iam se ajustando a luz do sol
E recebeu o leite puro do amor – pela primeira vez
E dormiu num bercinho improvisado – num quarto aquecido
Não importam as noites mal dormidas – e nem o sono
E nem o ligeiro incômodo que às vezes pode causar no silêncio das madrugadas
Ou no barulho dos dias maduros
E nem todo o tempo que precisa de atenção
Pois mais do que prazer – tudo isso é satisfação
Te ter em nossas vidas é um compromisso divino
Exercer a paternidade e a maternidade de um ser tão especial
É um dom e um privilégio, Tomás!
Uma responsabilidade que abraçamos com carinho
Um afeto que inunda nossa vida
Uma direção que molda nosso destino

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