segunda-feira, 18 de maio de 2015

DeScONhECiDO

Lembrar você hoje me traz muita raiva - um sentimento estranho
No âmago do meu ser surge uma inquietude
Uma coisa irascível assim que não sei explicar
Como que se pudesse voltar atrás optaria viver sem você
Esses últimos e importantes momentos finais - da minha vida antiga
Quantos momentos perdi - quanto deixei a desejar
Não sendo eu mesmo em plenitude
Não tendo coisas boas e melhores a expressar
Preso na ilusão de um romance facilmente criado
Num tempo recorde constituído e idealizado
Ah, como fui tolo a acreditar que não seria mais tentado
A jogar fora as pérolas mais preciosas
Que a dureza e a amargura de uma vida de sofrimentos
Lapidou e formou dentro de mim
E como irracionalmente por impulso desordenado das paixões
Me transformei em uma figura falsa que odeio
Paixão desgraçada dessa carne de pecados
Que ainda me faz pagar dívidas fiado
De gestos e atitudes que cometi - ou me esquivei
De palavras e conversas que não evitei
Hoje a conta é mais cara do que pensei
E sei que não vai ser fácil a anistia dessas cobranças
Onde a consciência conturbada vive a me relembrar
Seja por ideias ou lembranças que me assombram
E me fazem como um morto vivo vagar perdido
Buscando nos lixos da sociedade me encaixar
Me enquadrar numa turma de efeitos pesados - e sem sentido
Sem valores, moral ou religião
Que vive a liberdade falsa que a "era das luzes" nos deu de herança
Escolhendo sempre o que apetece os apetites sensíveis
O duro é que essa briga é antiga dentro de mim
E se até agora não desisti - não é agora que o vou
Para aceitar essa morte pintada de alegria
Esses sentimentos degradados revestidos de prazer
Quero mais é lutar contra tudo isso - como sempre fiz
E continuar de pé - pois essa guerra não é carnal apenas
Mas minha maior angustia surge novamente 
Pois quando parei para refletir no motivo da minha infelicidade
Descobri que não provém de você - mas de mim mesmo
Do que há em mim que ainda não mudei
Das pequenas e velhas coisas que seguram e mantém
O mal dentro de mim - espelho ingrato do tempo
A verossimilhança entre o que passou e o que ficou
Pena que não mudei como gostaria - e deveria
Triste de mim que não tive coragem de agarrar a oportunidade
Que Deus me deu para que eu fosse simplesmente eu
Mas diante da covardia e do medo deixei escapar
E confesso que fugi da responsabilidade de me assumir
Talvez imitando os passos dos meus ancestrais
Ou por medo de não conhecer direito - e ter que conviver
Com esse estranho que sou eu afinal
Tantas vezes questionei os outros e fui tão confiante
Demonstrando o paralelo dos egos imperceptíveis
Que a antiga filosofia me levou a conhecer
Mas tão pouco ainda sei de mim mesmo - e não estou certo
De ter as respostas certas - diante de perguntas difíceis
Não quero mais desempenhar um papel secular e sagrado
De alguém que fui ou que venha a ser - desconhecido
Pois quando as cortinas dessa vida se fecharem
Quero estar realizado e consciente
De que vivi intensamente cada segundo de realidade...  

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