A hipocrisia - já vi de perto e já vivi
Como alguém que busca em quem se espelhar
O medo quebrou a esperança e partiu meu espelho em pedaços
Então a covardia me fez retroceder no tempo propício
Ao passado do qual eu fugia - das condenações que me perseguiam
A um novo momento recente de coisas velhas e antigas
Quantas contradições se confrontaram dentro de mim
Quando pensei que tinha conseguido superar
A vida e seus efeitos - dramas que nunca morrem
A morte e os pesadelos - de histórias que eu contava
A naturalidade ímpar dos complexos coletivos
Me fez mais uma vez - repensar - sob a luz do luar
No que permite que as emoções, sensações, sentimentos e ilusões
Façam tantos consertos ou estragos num coração humano
Que muitas vezes chega a ser desumano
Pois desconhece a nobreza que há em seu interior
Sua essência é cheia de capacidades e coisas boas
Mas nunca ou pouco experimentou de si mesmo
O amor, por ser ausente ou nunca aprofundado
É como um barro duro que não foi moldado
A terra do meu coração se endureceu e se esfriou
Desde que seu perfume não foi mais nesses ares espalhado
Desde que você não a regou mais com seu carinho
Desde que você preferiu se ausentar a ter de sacrificar
Seu tempo para fazer reviver esse jardim
Talvez se cansou de plantar verde pra colher maduro
Faltam-me raízes, essência, seiva, folhas, caule, fruto
Falta-me um momento proibido - uma cena não vivida
Falta-me um pedaço nesse coração que não cicatrizou
Falta-me o vigor e a energia - a coragem de dizer
Que falta você para completar essa vida sem sentido...